Já era uma ideia que eu tava matutando há algum tempo mas não tive a disposição de botá-la em prática. Nunca fui muuuito carnívoro e, reparando bem, ultimamente tenho seguido bem mais as dietas de massa e cervejetarianas (à base de grãos de cevada) do que digamos...bichos.
Mas depois de almoçar hoje com minha irmã um prato gigante de costela, estilo Fred Flintstone, num restaurante considerado o templo da carne, saí decidido: a caminho da luz, vou experienciar um mês de vegetarianismo.
Nossa! Saí de lá passando meio mal de tanto comer... Na mesa, minha irmã disse que precisamos da proteína vinda da carne e tals, mas como não concordo com essa imprensa vermelha vou fazer a experiência eu mesmo pra ver como me sinto e acabar (ou iniciar) todas as dúvidas!
E que ótimo começar um ano diferente de todos os outros anos anteriores, não?
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| Vou ver se minha disciplina e força de vontade é Ghandi |
O mais doido foi embrulhar a metade que não aguentei pra comer depois em casa. Quando levantei da mesa já saquei que não iria querer comer mais tarde e logo pensei em dar pra minha irmã. No que abri a porta pra sair do restaurante, dou de cara com um velhinho de rua (que já flagrei tomando banho na pia do banheiro do segundo andar da Câmara, algo bastante comum no verão) que sorriu pra mim e me cumprimentou, pedindo uns trocados pra poder comer. Sem eu pensar duas vezes, pronto. O tiozinho ganhou meu almoço!
A propósito, vc tem alguma dica ou receita vegetariana pra me passar??
Dia 1
Talvez seja psicológico, mas no almoço senti que tinha mais panelas com carne do que nos meus dias normais de carnívoro...No prato, às vezes ficava procurando alguma carninha escondida, que no fundo eu sabia que não ia haver. Muito louco! Muitos anos de costume, com certeza! E o lado psicológico também meio abalado, com certeza.
Acabei doando minha mortadela pra minha irmã, pois eu tinha comprado antes da experiência e não ia jogar fora. Ainda bem que ela foi na minha sala pois ninguém quis comer aquela mortadela (pensando bem, minha irmã foi rápida e nem deu tempo dos outros comerem, parece)
Também recebi a informação de que certos grupos sanguineos não compatibilizam com a falta de carne e podem desenvolver miomas, com maior incidência nas mulheres. Segundo essa tese, esses organismos precisam de certas propriedades contidas na carne e que não são encontradas em nenhum outro alimento. Mas daí a facilitar o aparecimento de miomas eu não sei, tenho minhas dúvidas.
Nunca tinha ouvido isso mas taí lançada pra ser estudada essa hipótese. Em todo caso, é bom relembrar meu grupo sanguineo, que no momento esqueci.
No fim da tarde matei o que sobrou da papinha da Mila que segundo minha sogra não continha carne efetivamente, só o caldo. Mas acho que aí não conta e tudo bem.
A noite foi estranha. Tive muita vontade de comer carne.
Dia 4
Diferentemente do primeiro dia, fui num restaurante vegetariano pra não ter que ficar pescoçando em cada panela pra ver se tem carne ou não. E fui no melhor que conheço, o
Nutrisom, no Viaduto Nove de Julho.
De fato, lá é tão bem feito e com tanta diversidade de comida vegetariana que a gente nem lembra que existe picanha no alho...
Dia 27
Ontem sonhei não com um, mas com dois bifes no meu prato. E quando eu tava na metade dele lembrei da minha dieta herbívora...Putz!
Hoje no meu almoço comi normalmente (sem tremer) e troquei algumas informações sobre dietas veganas com um amigo mineiro, uai. Dessa vez ouvi uma intrigante: comer muitos produtos com soja te faz desenvolver hormônios femininos! Caçamba!! Sendo assim, leite de soja nunca mais...
Uma coisa é certa e foi consenso entre nós: é muito chato ter que se preocupar se o lugar que vc pretende almoçar serve algo gostoso que não leve carne, embora a oferta de comida vegetariana em São Paulo tenha crescido muito em quantidade e qualidade. Por outro lado, é bem chato também para os animais envolvidos nessa história participarem do meu almoço como pratos principais, que aliás continuarão sendo servidos mesmo que eu não os almoce naquela hora.
Portanto é justamente aí (não na feijoada) que a porca torce o rabo! Ser ou não ser conivente com todo esse processo já enraizado desde sempre no meu modo de vida de rapaz ocidental? E com relação às roupas e sapatos de couro que usamos também não estão nesse processo? Os peixes em geral sofrem menos quando pescados e afogados fora d'água do que um chester confinado?? Tinha que ter um episódio do
Show da Luna pra esclarecer isso. Eu quero saber!
Dia 28
Outro grande amigo me falou sobre o tofú. Meio que um queijo feito de soja, ele é usado por frades pra inibir a libido, funcionando como um anti-viagra!
Peraí! Nem toda carne eu pretendo deixar de comer nessa experiência.
Dia 30
Um mês sem carne. Como vai ser amanhã??
Dia 31
É... O amanhã chegou e não teve jeito, fui num churrasco. Mas considero válida essa experiência e admito, não sou tão "evoluído" pra entrar de vez no vegetarianismo. E se assim fosse, na minha concepção, eu teria que abrir mão de outras coisas também pra não ser uma atitude conflitante. Ainda tomo coca-cola, é difícil... e não quero essa mudança tão radical na minha vida.
A questão é complexa e implica muita coisa desde a mera vaidade até uma postura completamente ideológica radical. O principal é que tenhamos respeito com nosso alimento (cada vez mais) e com as pessoas e seus costumes, afinal cada um tem o direito de viver a vida da forma que mais lhe faz bem, seja comendo uma lasanha à bolonhesa ou uma lasanha de beringela (hmmm).
